Quem já fez a travessia de barca entre Rio e Niterói sabe que não é só sobre o balanço tranquilo ou a vista da Baía. Tem algo ali — talvez o tempo suspenso, talvez o silêncio entre um porto e outro — que parece convidar histórias a acontecerem. Ou, pelo menos, a serem ouvidas.
Outro dia, sentei perto da janela, deixei o vento bater no rosto e fiquei só observando. Sem querer, acabei escutando a conversa de duas mulheres que estavam logo atrás. O tom era íntimo, meio indignado, meio cansado — aquele tipo de desabafo que só acontece entre amigas.
— Olha, vou te dizer… tenho certeza de que a Paula tá falando de mim pro gerente. — Sério? Você acha mesmo? — Acho sim. Toda vez que eu passo, ela abaixa a voz. E o gerente me olha com aquela cara de quem já ouviu alguma coisa. — Mas será que não é só impressão? — Impressão nada. Semana passada precisei sair mais cedo porque minha filha tava com febre. No dia seguinte, ele veio cheio de indiretas sobre “compromisso profissional”. Quem mais teria contado?
A amiga soltou um suspiro longo. — Humm… realmente, parece fofoca. Mas vou te falar uma coisa: quem precisa puxar tapete dos outros é porque não tem talento pra se manter de pé.
— Pois é. Mas me dá uma raiva… eu só queria trabalhar em paz, sem ter que ficar me defendendo de coisa que nem fiz. — Calma. A gente não controla o que os outros dizem, mas pode escolher como reage. E o tempo… ah, o tempo sempre mostra quem é quem.
Depois disso, elas ficaram em silêncio, olhando o mar. E eu, ali quieta, fiquei pensando em quantas histórias como essa atravessam a Baía todos os dias. Gente voltando do trabalho, carregando não só o cansaço, mas também preocupações, sonhos, medos… e, infelizmente, algumas fofocas que pesam mais do que qualquer mochila.
O que ficou comigo: Sempre vai ter alguém falando pelas costas. Mas, no fim das contas, é a consciência tranquila que sustenta a travessia — seja ela sobre a água ou sobre a vida.
E você? Já viveu algo parecido no trabalho — aquela sensação de que estavam te julgando sem saber da sua história? Como lidou com isso? Me conta nos comentários. Às vezes, dividir é o primeiro passo pra aliviar o peso

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